segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Cursos de capacitação de professores na área de informática educativa

O primeiro curso de capacitação de professores na área de informática educativa, foi feito através do Projeto FORMAR, na UNICAMP. Os professores que participaram deste curso tiveram como compromisso principal projetar e implantar, um Centro de Informática Educativa (CIEd), junto à secretaria de educação que o havia indicado, mediante apoio técnico e financeiro do Ministério da Educação (MEC) que, por sua vez, não pretendia se comprometer impondo mecanismos e procedimentos, apenas oferecendo o devido respaldo técnico-financeiro necessário à consecução dos objetivos colimados. Diante da falta de comprometimento do MEC em relação aos conteúdos do curso, coube a cada secretaria de educação definir os rumos de sua proposta de acordo com a capacidade de sua equipe. Portanto, ao Ministério da Educação, competiu apenas o repasse dos recursos e equipamentos necessários, de acordo com as especificações propostas pelo Comitê Assessor do MEC.
            O FORMAR teve como objetivo principal o desenvolvimento de cursos de especialização na área de informática na educação, sendo dividido em duas fases. O primeiro curso foi realizado durante os meses de junho a agosto de 1987 e ministrado por pesquisadores, ficou conhecido como Curso FORMAR I. No início de 1989 foi realizado o segundo curso, o FORMAR II, que também foi realizado na UNICAMP.
 A estrutura dos dois cursos foi muito semelhante, apesar dos objetivos específicos serem um tanto diferentes (Valente 1993).
Em cada um dos cursos participaram 50 professores vindos de quase todos os estados do Brasil. Naquele momento, não existia no Brasil um centro que dispusesse de computadores em número suficiente para atender a 25 professores simultaneamente, por isto todos tiveram que se deslocar para Campinas, e mesmo assim, para que fosse possível atender a 25 professores simultaneamente, foi necessário contar com a colaboração de algumas fábricas de computadores. Assim, os alunos foram divididos em duas turmas de modo que enquanto uma turma assistia aula teórica a outra turma realizava aula prática usando o computador de forma individual.
 Esses cursos tiveram duração de 360 horas, distribuídas em 45 dias com 8 horas de atividades diárias. Os cursos eram constituídos de aulas teóricas, práticas, seminários e conferências.
A importância desses cursos, podemos ver ainda atualmente, pois hoje, a maioria dos profissionais que desenvolvem atividades na área de informática na educação, são frutos do projeto FORMAR, foram nestes cursos que profissionais que nunca tinham tido contato com o computador, se prepararam para utilizá-lo. Esses profissionais, em grande parte, são os responsáveis pela disseminação e a formação de novos profissionais na área de informática na educação.
 O curso também propiciou uma visão ampla sobre os diferentes aspectos envolvidos na informática na educação, não levando em consideração somente o ponto de vista computacional como também o pedagógico.
 O fato de o curso ter sido ministrado por especialistas da área de praticamente todos os centros do Brasil, propiciou o conhecimento dos múltiplos e variados tipos de pesquisa e de trabalho que estavam sendo realizados em relação a informática na educação.
    Segundo Oliveira (1997),
  Os professores - alunos do projeto FORMAR não só deveriam dominar as ferramentas (software e hardware) como também analisar criticamente a contribuição da informática no processo de ensino-aprendizagem e reestruturar sua metodologia de ensino.


 Assim, procurava-se formar professores críticos e responsáveis, capazes de relacionar aprendizado e tecnologia, para desenvolverem suas aulas.
O curso foi bastante compacto, tendo a duração de dois meses, com isso tentou-se minimizar o custo de manutenção do profissional no curso e o tempo que ele deveria se afastar do trabalho e da família, porém devido ao pouco tempo, deixou de oferecer o espaço e o tempo necessários para que os participantes assimilassem os diferentes conteúdos e praticassem com alunos as novas idéias oferecidas pelo curso, fazendo com que muitos desses participantes voltassem para o seu local de trabalho e não encontrassem as condições necessárias para a implantação da informática na educação.
Isso aconteceu tanto por falta de recursos, quanto por falta de interesse por parte da estrutura educacional. O que ainda hoje acontece em algumas escolas. Por outro lado, é impossível imaginar que os professores, somente com os conhecimentos adquiridos, fossem capazes de enfrentar situações difíceis e de implantar as mudanças educacionais almejadas. Como se não bastassem tais dificuldades outros aspectos do Projeto FORMAR, como conteúdo e metodologia, passaram a ser usados como base para outros cursos de formação na área de informática na educação. O material gerado pelo curso e as experiências acumuladas têm sido usadas na implantação de praticamente todos os cursos nessa área, o que gera a preocupação de se continuar a fazer uma formação descontextualizada da realidade do professor, como aconteceu no Formar e isso não faz mais sentido quando se têm computadores em praticamente todos os centros de educação no país. Estas experiências de implantação da informática na escola nos mostram que a formação de professores é fundamental e exige uma abordagem totalmente diferente, sendo muito mais do que prover ao professor um conhecimento sobre metodologias de como usar o computador na sua respectiva disciplina. Os assuntos desenvolvidos durante o curso devem ser escolhidos de acordo com o currículo e a abordagem pedagógica adotadas pela escola.
É o contexto da escola, a prática dos professores e a presença dos seus alunos que determinam o que vai ser trabalhado pelo professor do curso. O curso de formação deixa de ser uma simples oportunidade de passagem de informação para ser a vivência de uma experiência que contextualiza o conhecimento que o professor constrói.
Diante das novas possibilidades que os computadores oferecem como multimídia, comunicação via rede e a grande quantidade de softwares disponíveis no mercado, faz-se necessário que essa formação seja mais profunda, para que assim, o professor possa entender e optar entre as inúmeras possibilidades que este pode trabalhar na sala de aula com o computador, é preciso uma formação contínua que busque cada vez mais informações sobre os lançamentos para a informática na educação, aplicando novas metodologias de ensino para as disciplinas escolares.
A informática deve ser levada a sério por todos, principalmente pelos educadores, e não ser vista como uma tecnologia para o futuro, mas sim como uma tecnologia atual, que cada dia mais está presente na vida de todos, o que gera a necessidade de se ter pessoas especializadas no assunto.
O ensino da Informática carece de uma metodologia específica, pois não existe uma metodologia para o ensino da informática na escola e normalmente os docentes ensinam os seus alunos da mesma forma como aprenderam, de um jeito formal, desconhecendo a questão do planejamento de ensino, o que dificulta muito o trabalho. Como numa sala de aula, deve existir nas aulas de informática, um programa a se cumprir, se o docente não tiver um mínimo de planejamento, não conseguirá cumprí-lo com êxito.

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